ESCRITOR - Livros lançados : Crônicas de um brasileiro - Nos tempos da Brilhantina - Crônicas de um brasileiro 2 - Os pais da geração Y
segunda-feira, 20 de julho de 2015
quarta-feira, 15 de julho de 2015
MUDANÇA DE RUMO
MUDANÇA DE RUMO
O mundo está passando, nessas duas décadas iniciais do século
XXI, por verdadeira revolução social e cultural devido aos avanços tecnológicos
da internet viabilizada maciçamente por aparelhos como os ipods, tabletes,
notebooks, smartphones além dos caseiros personals computers.
Não estou aqui falando de nós , usuários e meros mortais,
influenciados pelo modismo das redes sociais, dos selfies, e do mundo show
business ao seu alcance num dedilhar na tela led de seus micros smartphones ou
afins, onde queira que esteja, no seu leito , no seu banco carona do carro, na
direção de seu carro, no banco de um transporte coletivo e, também,
infelizmente à mesa de refeições de seu aconchego, nos passeios com sua turma e
ou acompanhante ... Assim infinitamente proliferado .
O ser humano com sua capacidade de criação tecnológica que
entrou no último quarto dos anos do século passado em curva ascendente e com
capacidade que beira a geometria, como se a humanidade tivesse acordado de um
sono profundo e hibernante em milhares de séculos – acordou dessa hibernação
faminta de tecnologia da mesma forma que os ursos ansiosos por mel.
A criatividade emanada
dos atuais cérebros das novas gerações Y e Z ao mesmo tempo em que criam e desenvolvem novas tecnologias
pela própria ânsia de seu modo de ser , também em paralelo, desenvolve a contra tecnologia, ou melhor dizendo, cria-se
antídotos cibernéticos que conseguem invadir qualquer sistema de computadores
do mundo, incluindo aqui, os poderosíssimos sistemas de segurança das
principais nações do mundo, inclusive aquelas que detêm o poderio militar de
destruição em massa, que é o caso dos sistemas de defesa estadunidense,
incluindo claro, os computadores do Pentágono.
Em poucas décadas o poderio socioeconômico, a supremacia
militar, e liderança de comandos existentes no então mundo correspondente, era
fundamentado e lastreado , além de as máquinas físicas existentes, como as da
indústria de guerra , as operatrizes de produção agrícola e as respectivas
infraestruturas de logísticas espalhadas pelo globo terrestre, também no poder
dos cérebros de celebridades do “show business” político, espalhados nos pontos
estratégicos do poder, como os mega-assessores aos homens no comando das
potencias, quando não os próprios lideres , a exemplo de Kissinger, Kruschev,
Lenin, Mao Tse Sung, Kennedy, De Gaulle, Gorbachev e até o nosso Golbery por
ocasião da ditadura militar. O mundo funcionava e se mantia assim, ou seja, com
poderosas máquinas de um parque industrial voltado não só às industrias de bens
de consumo, como também à indústria bélica e no poder de liderança de mentes
privilegiadas de alguns poucos lideres mundiais com suas espionagens e
contraespionagens, das hoje ultrapassadas, CIA, Interpol, Scotland Yard, KGB e
outros.
Mas o mundo mudou e tornou as mentes dos famosos lideres e
seus assessores especiais obsoletas – não por serem superadas por outras
grandes lideranças ou gênios humanos, mas sim devido o advento da internet e o
descobrimento das chamadas nuvens cibernéticas, onde tudo passou a ser
armazenado e controlado por quem tiver a tecnologia , que por vezes é
“produzida” com sucata cibernética em depósitos domésticos com a ação de mentes
jovens e criativas nessas tecnologias.
Tudo hoje sem exceção está navegando nessas nuvens, nossas
comunicações pelos e-mails pessoais , comerciais , de sistemas de segurança,
das redes sociais, sistemas operacionais de todos os tipos de mercados, sejam
financeiros, industriais, domésticos – tudo , mas tudo mesmo, a ponto de nada
mais funcionar nesse mundo tecnológico sem os denominados “sistemas”. Se
estiverem fora do ar por qualquer anomalia, como falta de energia, ação de
hackers , ou problema técnico mesmo, tudo para , como os famosos avisos que de
vez por outra encontramos nas repartições comerciais, publicas ou privadas:
“Estamos sem sistema” e as portas cerradas.
Portanto, certamente estamos com mudanças de rumo, uma forma
simplista de dizer que tudo em brevíssimo tempo poderá estar diferente em
nossas vidas e no nosso habitat – quando podemos notar que o poder das
máquinas, dos homens brilhantes, do poder financeiro, e todos demais poderes
dantes significantes, estão em fase descendente de importância. O poder de armazenamento
de informações das nuvens cibernéticas e as minúsculas placas de circuitos
eletrônicos que cabem em uma só mão, poderão decidir e influenciar nos rumos a
seguirmos, quiçá esses “jogos” fique sempre em mãos de pessoas de bom censo
tanto religioso, como de humanidade e, bem longe das mãos das mentes doentias
que possam fazer uso das mesmas para destruição em massa...
Na minha juventude assisti por algumas vezes ao filme “A
Space Odyssey” (no Brasil : 2001 Uma odisseia no espaço). Um filme produzido em
1968 por Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke. O filme trata da evolução humana,
tecnológica, da vida extraterrestre e da inteligência
artificial . A nave era controlada pelo potente computador HAL 9000 que em
determinada fase da estória deixa de obedecer ao comando dos astronautas e
passa a tomar suas próprias decisões sobre os destinos da missão. A tecnologia
apresentada no filme produzido há meio século, não são diferentes da realidade
de hoje, pelo menos em termos básicos da tecnologia de navegação cósmica,
satélites, módulos lunares, comunicações , mas e o HAL ?
Será que não estaríamos próximos de sermos controlados por
supercomputadores como o HAL foi para a nave de Uma odisseia no espaço?
Uma crônica de
GILSON MARCIO MACHADO
sexta-feira, 10 de julho de 2015
BURACO NEGRO
Fórum dos Leitores
Estadão – 20 de maio de 2015
BURACO NEGRO
Buraco
negro é uma região no espaço que possui uma massa grande concentrada que exerce
uma força gravitacional não deixando escapar nada dessa força, nem mesmo a luz.
E, já que nada consegue se mover mais rápido que a velocidade da luz, nada pode
escapar de um buraco negro. É um exemplo metafórico de como se encontra o
Brasil nos dias de hoje, ou seja, estamos literalmente dentro de um buraco
negro. Não conseguimos sair nem modificá-lo, e tudo é engolido por ele, sem que
possamos ver nenhuma luz a nossa disposição.
Dentro
desse buraco negro estão, por exemplo, as famílias brasileiras que em março
atingiram um endividamento de 59,6%, ou seja, sessenta por cento das famílias
estão endividadas. Os maiores credores são os vorazes cheques especiais,
cartões de crédito, cheques pré-datados e empréstimos pessoais, além dos
financiamentos pessoais e de carros. A estabilidade dos preços também está
prisioneira nesse buraco negro, pois a inflação está com seu dragão à solta e
os preços têm subido assustadoramente, principalmente nos itens básicos à
população, como os alimentos e materiais de limpeza, higiene e perfumaria. Os
carrinhos dos supermercados chegam aos boxes dos caixas cada vez mais
minguados, pois o dinheiro ficou curto, na verdade desvalorizado nesses itens
muito mais que nos índices econômicos.
As empresas brasileiras, principalmente
aquelas de pequeno porte, como prestadoras de serviços, restaurantes, bares,
hotelaria, festas e entretenimentos de uma forma geral, estão literalmente
prisioneiras desse buraco negro. Não conseguem sair do buraco, não conseguem
manter seus negócios nem sequer desfazer-se dos mesmos, pois, para encerrar
suas atividades, é preciso ter fundos para pagamentos de rescisões de contratos
de aluguéis, empregatícios e encerrar a ciranda com os fornecedores. A situação
é tão crítica que virou moda se precaver, os que estão em eminência de
falência, e tirar seus bens de seus nomes, colocando-os em nome de parentes ou
outros laranjas – o buraco é mais profundo do que possa parecer...
O povo brasileiro está num estado de apatia,
descrença no governo e nas autoridades constituídas, exceção a um juiz, que é o
Dr Sérgio Fernando Moro; situação esta muito parecida com a de durante o
impeachment de Collor de Mello e quando Itamar Franco assumiu o governo.
Naquela ocasião, o salva-vidas da Pátria foi o Plano Real, que nos dias de
hoje, em face da administração do Partido dos Trabalhadores (PT) e seus
desmandos, corrupção e um projeto criminoso de governo, corre o risco de se
deteriorar e jogar de vez tudo dentro desse buraco negro, que tem uma dimensão
a fazer inveja a qualquer galáxia do espaço sideral.
Gilson
Marcio Machado
São
Paulo
XADREZ -
Fórum dos Leitores
Estadão – 10 de maio de 2015
por Gilson Marcio Machado
XADREZ
O
cenário político brasileiro está mais complicado que um jogo de xadrez para
quem não conhece este jogo. O movimento das peças é matreiramente para dar o
xeque-mate no adversário, ou seja, capturar o rei adversário ou fazer o
adversário desistir, o que certifica a vitória de seu oponente - com raras
exceções declaram-se o jogo empatado. Imaginemos Brasília como um enorme
tabuleiro estendido no Planalto Central do País,
Dilma
joga primeiro, portanto, com as pedras brancas, legitimada pelos eleitores;
hoje pedem sua captura. Ora o jogador oponente, das pedras pretas, é o
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, por vezes passa o jogo para
Renan Calheiros, presidente do Senado, e por trás dos bastidores está sempre
Lula como uma dama de companhia do rei - quem manda é a dama... O nível de
complicações desse jogo dos poderes em Brasília chegou a tal ponto que Dilma
não mais mexe as pedras, delegou ao seu vice, Michel Temer, essa função, além
da tutela exercida por Lula; se bem que um tutor desses até eu dispensaria,
traiçoeiro quando lhe põe um microfone nas mãos... Por vezes os peões do mesmo
oponente se rebelam e racham seus partidos. Imaginem isso num universo de mais
de 30 partidos dessa República Federativa do Brasil; vira uma verdadeira esbórnia.
Os cidadãos, desde os que votaram em Dilma e
obviamente aqueles que não votaram, querem sua saída do governo e a extinção,
execração, aniquilamento do Partido dos Trabalhadores, que na realidade nada
mais tem de conceito de trabalhador, e, sim de magnatas de colarinhos brancos,
ricos investidores em latifúndios, imóveis a fazer inveja aos sheiks do
petróleo, além de encherem os cofres em dólares e ouro nos bancos suíços e dos
paraísos fiscais. Lula disse recentemente, aliás, ao fundo barulhento de um panelaço,
que Dilma é uma mãezona. Na realidade, mãezona (deles, do PT) são a Petrobrás,
o BNDES, os Correios, a CEF e o Banco do Brasil. Os brasileiros estão em
xeque-mate, pois já não aguentam mais andar em tantas passeatas, carreatas,
cavalgadas e se especializaram em fazer das panelas seu meio de comunicação e
de protesto. E Dilma blefa no jogo: sorri e diz que está tudo bem e que isso é
democracia, que ela ajudou a criar no País. E o PT vai à televisão e diz tantas
inverdades que seus componentes imaginam, a começar pelo presidente de honra,
Luiz Inácio Lula da Silva, que a população brasileira é formada por homens
imbecis, para não dizer debiloides. Até quando?
Gilson
Marcio Machado
São
Paulo
segunda-feira, 6 de julho de 2015
PREFÁCIO DO LIVRO : OS PAIS DA GERAÇÃO Y por Moacir Assunção
*Moacir Assunção
Aprendamos com os mestres, o mundo será melhor
Gílson Marcio Machado, escritor e parkinsoniano de 67 anos, e Norberto Chadad, CEO da Thomas Case & Associados, são mestres em suas respectivas áreas e, portanto, têm muito a ensinar. E todos nós, seus leitores, muito a aprender. Exemplo disso é o livro Os filhos da Geração Y, escrito por Gilson, e que conta com uma participação fundamental de Norberto. O primeiro, autor de outras três obras, sofre do temido Mal de Parkinson e, ainda assim mantém viva a sua verve literária, em textos curtos, no formato de crônicas, nos quais traz informações de grande importância aos idosos que, segundo as estatísticas mais recentes, representarão nada menos que 26,7% da população brasileira em 2060 – ante apenas 7,4% neste ano de 2015. Confirmado isso, será um salto extraordinário para um País que sempre jactou-se, desde os anos 1970, de ser uma nação de jovens. Seria como se jovens não envelhecessem.
Norberto, por sua vez, que ocupa os últimos capítulos da obra, vinda a lume em um momento difícil para o País em termos econômicos e sociais, quando enfrentamos o risco concreto de uma recessão, mas também rico em desafios. É nestes momentos, no entanto, que as mentes brilhantes trabalham febrilmente para encontrar saídas para a crise o que, em outros momentos, talvez não fosse necessário e não precisássemos dar tratos à bola para pesquisar e mudar caminhos já traçados de
antemão. Em seu espaço, ele, que é o principal executivo da prestigiada consultoria Thomas Case & Associados, oferece conselhos preciosos para quem pretende ingressar ou se manter no mercado de trabalho, que poderiam, talvez, ser sintetizados em uma frase: “ame tudo o que faz. Todas suas atitudes são um ganho na fortuna cambiante do tempo”, tal como descrito no famoso texto Desiderata, de autoria do poeta e filósofo americano Max Ehrmann.
A exemplo das velhas nações europeias, o Brasil entrou, nas últimas décadas, em um ciclo constante de envelhecimento de sua população. A cada dia que passa, temos a oportunidade de observar – até maravilhados- idosos que antes se limitavam a ficar em casa assistindo TV e reclamando da vida praticando algo bem diferente. Hoje, eles saem para dançar, se encontram, namoram, viajam, trocam experiências e estudam. Vivem com intensidade, enfim. E muitos são ainda cidadãos produtivos nas empresas. Pessoalmente, tenho a experiência de dar aulas na Universidade da Terceira Idade, da Universidade São Judas Tadeu, onde trabalho, e percebo, nesta função, a satisfação de pessoas de 60, 70 anos ao sentirem que ainda podem aprender, descobrir coisas novas, o que é, realmente, a essência de uma vida plena. Somos eternos aprendizes, de fato.
Isso representa uma enorme mudança desde os anos 1970, quando cantávamos, junto com a seleção “Setenta milhões em ação”. Hoje, somos pouco mais de 200 milhões. Esta transformação no perfil populacional é algo bem-vindo porque demonstra que mudou, para melhor, o conceito de velhice no Brasil. No entanto, traz um problema: temos, cada vez mais, uma população menor trabalhando para permitir que outros se aposentem. Essa situação, naturalmente, traz um desequilíbrio ao balanço de pagamentos da Previdência, com menos gente contribuindo por aposentado, de forma que o resultado sempre será o déficit nas contas do governo.
Os povos europeus, com uma história muito mais antiga que a nossa, que integramos o Novo Continente, sofreu e tem sofrido com este problema que se avizinha no Brasil, conforme demonstra Gilson: o crescimento de uma população idosa, combinado com baixas taxas de natalidade, o que produz a equação perversa relatada linhas acima. O que fazer para enfrentar esse grande problema? Não será fácil, mas encontraremos uma saída. Karl Marx, o grande filósofo e economista alemão, disse, certa vez, que o homem jamais se colocou um problema que não conseguisse resolver. E é o que faremos, certamente. Ter consciência dessa dificuldade, como Gilson demonstra em seu livro, já é o primeiro passo nesse sentido.
Na obra, o autor, ao mesmo tempo, em que faz um interessante roteiro sobre os anos 1950, 1960 e 1970, ligando-o com dados históricos do período, também nos oferece dados sobre o Estatuto do Idoso, formas de obter auxílio governamental para idosos, e de calcular o fator previdenciário, entre outras informações úteis para quem vê a passagem do tempo. E sabe que não terá o que fazer para evitar isso. Como diria o mestre escritor e jornalista Fernando Jorge, “a vida é uma permanente conta de subtração”. A frase demonstra, de maneira magistral, a forma curiosa como perdemos, com a passagem do tempo, pessoas que estão ao nosso lado, simbolizado, na mitologia grega, pelo Deus Cronos ( o tempo), que engole a todos, indistintamente do seu poder. Até mesmo Zeus, deus máximo do panteão dos deuses e semideuses gregos, passa pela experiência de ser deglutido por Cronos, embora consiga, depois, reverter o processo.
Assim é que, depois de ler Os filhos da Geração Y, estaremos mais capacitados, primeiro, para enfrentar o dilema da velhice da qual só escaparemos em uma hipótese: se morrermos jovens, o que ninguém quer, salvo os suicidas. Também poderemos conhecer uma doença insidiosa e terrível, o Mal de Parkinson, graças às lições do autor. De outro, poderemos, graças às preciosas dicas de Norberto, construir uma carreira sólida e respeitada em qualquer área da febril atividade humana. O livro de Gilson, então, com participação de Norberto, terá o condão de agradar a jovens e idosos. Os dois lados da balança da vida estarão equilibrados, de forma que prevejo um presente e um futuro glorioso para Os filhos da Geração Y. Como diria um ícone dos anos 1970, quando vivi a minha juventude, Dr Spock, de Jornada nas Estrelas, “vida longa e próspera” para a obra e seus autores.
*Moacir Assunção é jornalista, historiador e professor universitário. Autor do livro recém-lançado São Paulo deve ser destruída – a história do bombardeio à capital na Revolta de 1924 (Record), e de outras nove obras, entre as quais Os homens que mataram o facínora – a história dos grandes inimigos de Lampião, finalista do Prêmio Jabuti 2008, concorrendo com a obra 1808, de Laurentino Gomes. Mestre em História Social pela PUC-SP, é ex-repórter de Política do jornal O Estado de S.Paulo, escreve para várias publicações, como Veja São Paulo, Superinteressante e Aventuras na História (Abril) é jornalista freelancer, consultor em Comunicação Social e professor da Universidade São Judas Tadeu nos cursos de Jornalismo e Gestão de Recursos Humanos.
Aprendamos com os mestres, o mundo será melhor
Gílson Marcio Machado, escritor e parkinsoniano de 67 anos, e Norberto Chadad, CEO da Thomas Case & Associados, são mestres em suas respectivas áreas e, portanto, têm muito a ensinar. E todos nós, seus leitores, muito a aprender. Exemplo disso é o livro Os filhos da Geração Y, escrito por Gilson, e que conta com uma participação fundamental de Norberto. O primeiro, autor de outras três obras, sofre do temido Mal de Parkinson e, ainda assim mantém viva a sua verve literária, em textos curtos, no formato de crônicas, nos quais traz informações de grande importância aos idosos que, segundo as estatísticas mais recentes, representarão nada menos que 26,7% da população brasileira em 2060 – ante apenas 7,4% neste ano de 2015. Confirmado isso, será um salto extraordinário para um País que sempre jactou-se, desde os anos 1970, de ser uma nação de jovens. Seria como se jovens não envelhecessem.
Norberto, por sua vez, que ocupa os últimos capítulos da obra, vinda a lume em um momento difícil para o País em termos econômicos e sociais, quando enfrentamos o risco concreto de uma recessão, mas também rico em desafios. É nestes momentos, no entanto, que as mentes brilhantes trabalham febrilmente para encontrar saídas para a crise o que, em outros momentos, talvez não fosse necessário e não precisássemos dar tratos à bola para pesquisar e mudar caminhos já traçados de
antemão. Em seu espaço, ele, que é o principal executivo da prestigiada consultoria Thomas Case & Associados, oferece conselhos preciosos para quem pretende ingressar ou se manter no mercado de trabalho, que poderiam, talvez, ser sintetizados em uma frase: “ame tudo o que faz. Todas suas atitudes são um ganho na fortuna cambiante do tempo”, tal como descrito no famoso texto Desiderata, de autoria do poeta e filósofo americano Max Ehrmann.
A exemplo das velhas nações europeias, o Brasil entrou, nas últimas décadas, em um ciclo constante de envelhecimento de sua população. A cada dia que passa, temos a oportunidade de observar – até maravilhados- idosos que antes se limitavam a ficar em casa assistindo TV e reclamando da vida praticando algo bem diferente. Hoje, eles saem para dançar, se encontram, namoram, viajam, trocam experiências e estudam. Vivem com intensidade, enfim. E muitos são ainda cidadãos produtivos nas empresas. Pessoalmente, tenho a experiência de dar aulas na Universidade da Terceira Idade, da Universidade São Judas Tadeu, onde trabalho, e percebo, nesta função, a satisfação de pessoas de 60, 70 anos ao sentirem que ainda podem aprender, descobrir coisas novas, o que é, realmente, a essência de uma vida plena. Somos eternos aprendizes, de fato.
Isso representa uma enorme mudança desde os anos 1970, quando cantávamos, junto com a seleção “Setenta milhões em ação”. Hoje, somos pouco mais de 200 milhões. Esta transformação no perfil populacional é algo bem-vindo porque demonstra que mudou, para melhor, o conceito de velhice no Brasil. No entanto, traz um problema: temos, cada vez mais, uma população menor trabalhando para permitir que outros se aposentem. Essa situação, naturalmente, traz um desequilíbrio ao balanço de pagamentos da Previdência, com menos gente contribuindo por aposentado, de forma que o resultado sempre será o déficit nas contas do governo.
Os povos europeus, com uma história muito mais antiga que a nossa, que integramos o Novo Continente, sofreu e tem sofrido com este problema que se avizinha no Brasil, conforme demonstra Gilson: o crescimento de uma população idosa, combinado com baixas taxas de natalidade, o que produz a equação perversa relatada linhas acima. O que fazer para enfrentar esse grande problema? Não será fácil, mas encontraremos uma saída. Karl Marx, o grande filósofo e economista alemão, disse, certa vez, que o homem jamais se colocou um problema que não conseguisse resolver. E é o que faremos, certamente. Ter consciência dessa dificuldade, como Gilson demonstra em seu livro, já é o primeiro passo nesse sentido.
Na obra, o autor, ao mesmo tempo, em que faz um interessante roteiro sobre os anos 1950, 1960 e 1970, ligando-o com dados históricos do período, também nos oferece dados sobre o Estatuto do Idoso, formas de obter auxílio governamental para idosos, e de calcular o fator previdenciário, entre outras informações úteis para quem vê a passagem do tempo. E sabe que não terá o que fazer para evitar isso. Como diria o mestre escritor e jornalista Fernando Jorge, “a vida é uma permanente conta de subtração”. A frase demonstra, de maneira magistral, a forma curiosa como perdemos, com a passagem do tempo, pessoas que estão ao nosso lado, simbolizado, na mitologia grega, pelo Deus Cronos ( o tempo), que engole a todos, indistintamente do seu poder. Até mesmo Zeus, deus máximo do panteão dos deuses e semideuses gregos, passa pela experiência de ser deglutido por Cronos, embora consiga, depois, reverter o processo.
Assim é que, depois de ler Os filhos da Geração Y, estaremos mais capacitados, primeiro, para enfrentar o dilema da velhice da qual só escaparemos em uma hipótese: se morrermos jovens, o que ninguém quer, salvo os suicidas. Também poderemos conhecer uma doença insidiosa e terrível, o Mal de Parkinson, graças às lições do autor. De outro, poderemos, graças às preciosas dicas de Norberto, construir uma carreira sólida e respeitada em qualquer área da febril atividade humana. O livro de Gilson, então, com participação de Norberto, terá o condão de agradar a jovens e idosos. Os dois lados da balança da vida estarão equilibrados, de forma que prevejo um presente e um futuro glorioso para Os filhos da Geração Y. Como diria um ícone dos anos 1970, quando vivi a minha juventude, Dr Spock, de Jornada nas Estrelas, “vida longa e próspera” para a obra e seus autores.
*Moacir Assunção é jornalista, historiador e professor universitário. Autor do livro recém-lançado São Paulo deve ser destruída – a história do bombardeio à capital na Revolta de 1924 (Record), e de outras nove obras, entre as quais Os homens que mataram o facínora – a história dos grandes inimigos de Lampião, finalista do Prêmio Jabuti 2008, concorrendo com a obra 1808, de Laurentino Gomes. Mestre em História Social pela PUC-SP, é ex-repórter de Política do jornal O Estado de S.Paulo, escreve para várias publicações, como Veja São Paulo, Superinteressante e Aventuras na História (Abril) é jornalista freelancer, consultor em Comunicação Social e professor da Universidade São Judas Tadeu nos cursos de Jornalismo e Gestão de Recursos Humanos.
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