domingo, 22 de novembro de 2015

A CRIAÇÃO DEFEITUOSA

                                             A CRIAÇÃO DEFEITUOSA

“No princípio criou Deus o céu e a terra...E disse Deus: Haja luz; e houve luz...E disse Deus: Ajuntem-se as águas ...E chamou Deus à porção seca terra; e ao ajuntamento das águas chamou mares... E disse Deus: Produzam as águas abundantes répteis de alma vivente, e voem as aves...Produza a terra alma vivente ...gado...feras da terra...”
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves do céu, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou...”

Genesis 1: 1-31

Sem querer ser profano sintetizei a criação do mundo por Deus, conforme a Bíblia Sagrada, para chegar ao ponto “X” da pauta dessa crônica.  Deus também erra, aliás se o “homem à sua imagem” é uma prova circunstancial, mas é uma prova. Porque em dizê-lo é exatamente o fato do homem ser uma criação que deu defeito; e por esses mesmos defeitos a humanidade procura camuflar essa sua deficiência, da mesma forma que um dos répteis criado por Deus, o camaleão, também se camufla para esconder sua verdadeira couraça.

O homem quando pergunta ao seu semelhante “como vai?” não significa que ele queira saber, meramente trata-se de um cumprimento; o que é lamentável pois todo homem gostaria de ter alguém a quem pudesse explicar como vai, seus problemas, suas mágoas, suas alegrias, seus erros e acertos, enfim, o poço de problemas ou de alegrias, pior que o sem fundo de nossa atual política nacional.

O homem se reúne em família de forma ampla, como os irmãos, cunhados, sobrinhos, tios, pais e as respectivas proles somente em duas ocasiões: nos velório de um deles ou em algum casamento. Tirou daí, a maioria prefere distância, quanto maior melhor. Quando cruzam acidentalmente o desfecho é sempre o mesmo: “precisamos nos ver mais, talvez almoçarmos um dia desses” e, o campeão das expressões falsas, tipo me engana que eu gosto: a famosa “a gente se fala e combina” – pode esquecer se algum parente te disser isso, ou não seja falso em você dizê-la a algum parente.

No mundo dos negócios usa-se dizer: não há almoço de graça, para retratar o quão interesseiro o homem é – mostra-se cortês e amigo objetivando um retorno em benefício próprio. Por vezes ocorre até em família, pode observar, aliás é nato à criatura de Deus essa percepção, pois quando alguém se aproxima dando-lhe atenção, solícita, toda gentilezas, o homem logo desconfia: o que será que ele está querendo?
O homem gosta de monólogo e detesta diálogo, ou seja: adora falar e detesta ouvir, quando nem o faz, desconversa e sai de fininho. Há sempre uma dose de egocentrismo, de sovinismo, e de cinismo em cada homem. Sábio do homem que não gosta de falar e gosta de ouvir.

Quanto aos amigos, normalmente suprem nossas deficiências de necessidades de vangloriarmo-nos um sobre os outros. O homem adora ostentar sabedoria, poder, riqueza,  mulher bonita( o inverso também é verdadeiro ) , o carro do ano, o relógio de grife e, assim por diante – mas um  perde o outro quando este é inquirido a emprestar algum dinheiro... Interessante notar a vida social do homem, quando maior sucesso , especialmente nos negócios , maior o número de “amigos”, mas quando há eminência de falência nos negócios, o homem começa a perder os “amigos” e quando falido é automaticamente deletado do Facebook dos amigos e também de sua caixa de contatos de suas agendas digitais.

Não é ao acaso o ditado popular: “quem tem um amigo não morre pagão”, não morre pagão, não fica sem dinheiro, não fica sozinho, te escuta, te dá colo, bronca, briga contigo e em alguns momentos lhe dá regalias. É um amigo raro de se encontrar e muito menos de chegar a tê-lo – e, não se finja de ignorante, a amizade é recíproca; ninguém é amigo de alguém somente de uma parte. Falando nisso, faça uma pesquisa rápida, só poderia ser rápida mesmo, se tem algum amigo desses ou se é um amigo desses. Se encontrar, nessa pesquisa, um ou ser um de alguém, posso lhe assegurar que você é um homem de muita sorte na vida. Cachorros não valem, pois esses são todos amigos de seus donos.

É bom parar por aqui, já denegri demais a mim mesmo e aos meus semelhantes. Temos também nossas virtudes, mas como sempre elas não são notadas. Mas confirmo e reconfirmo todas essas impressões, principalmente nesses tempos modernos, onde a tecnologia passou a ser os melhores amigos, os inseparáveis smartphones, notebooks e tablete. O homem conseguiu inventar parafernálias que substituem a ele mesmo perante aos seus semelhantes; pois são caros aos nossos bolsos, mas amigos inseparáveis em todos momentos e situações; pois você os levam até quando usa sua toalete íntima.

Uma crônica de
Gilson Marcio Machado


Nota do autor: Qualquer semelhança com algum leitor é mera coincidência.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

CHOVEU NA CABECEIRA

                                           CHOVEU NA CABECEIRA

Sempre mencionamos a lei de Murphy quando alguma coisa e, normalmente seguida por outras não vão bem; porém, há dias ou situações que invocar a lei desse engenheiro americano não é justo, pois ele somente previu que quando alguém vai fazer alguma coisa e que existe uma única chance de não dar certo, o indivíduo irá fazer exatamente essa.

Vamos aqui dar a alcunha à uma nova lei, essa sim é para não deixar dúvidas a nem aos adeptos de São Tomé, pois é uma lei escancarada e provocaria inveja ao próprio Murphy. Ela se apresenta naqueles dias que você não deveria ter saído de seus aposentos noturnos, ou o popular quarto de dormir. Não precisaria ficar na cama, pois ninguém aguentaria ficar “jiboiando” noite e dia diretos, mas bem que poderia ligar sua TV do dormitório e ver aqueles programas matinais que nossas mulheres veem normalmente quando dos seus afazeres triviais e, no decorrer da tarde, após sua sesta ao estilo nortista do país, assista a um bom filme – à tardinha já emende lendo um daqueles livros que comprou e outros que ganhou e nunca os leu. A sim, a alcunha: vamos dar o nome a “ Choveu na Cabeceira”, o que sem falsa modéstia é uma expressão eternizada por meu pai na sua cidade natal, que também é a minha querida Guará, a Terra do Sol e do lobo símbolo, pelo menos atualmente, pois houve época em que esse símbolo era uma espécie de garça, que vivia em lagoas nos tempos idos, que chegou a influenciar antigo designativo de Lagoa das Éguas dessa cidade incrustada na Califórnia Brasileira, por sua riqueza de seu solo, terra roxa de maiores valores por alqueires do país. Cidade próspera graças às tradicionais administrações alternadas dos grupos políticos Pés Rachados e os Macaúbas, com predominância dos clãs Migliori e Furtado.

Originalmente “Choveu na Cabeceira” era uma expressão usada por pescadores amadores e de água doce. Quando chove na cabeceira do rio, a água fica lamacenta e fica inviável à pescaria, pois os peixes não enxergam nada e preferem ficarem entocados. Portanto, vamos doravante usar no sentido figurado essa expressão, apesar de faltar a autenticidade de seu autor, pois já se encontra em outro plano desde o ano de 1991 num dia 05 de novembro.


Choveu na Cabeceira quando:


. Todos semáforos (em algumas regiões são faróis ou sinaleiras) por onde passa no seu trajeto, fecham quando você se aproxima. Só para variar você acelera um pouco mais para alcançar o próximo aberto e é premiado com uma multa de velocidade pelo radar e, ainda leva uma multa do guarda de trânsito que viu você avançar um “tiquinho” no vermelho. Tenho um irmão que conseguiu três multas numa única conversão que fez na Av. Sena Madureira com Av. Domingos de Moraes em São Paulo.

. O mesmo ocorre quando em sua casa ou seu escritório os aparelhos começam a dar defeitos – ora a TV que quebra, o PC que apaga e não dá sinal de vida, você por descuido deixa cair aquele copo ou taça de cristal que faz parte de um jogo valioso, nem tanto, como dizem os economistas, pelo valor real e mais pelo emotivo. O interessante é que quando começa a incidir não para, começam a acontecer como se um urubu tivesse sobrevoado sua seara e de quebra um gato preto tenha passado sob uma escada. Nessas ocasiões melhor mesmo é evitar até de se trocar uma lâmpada de um abajur pois certamente você quebrará o aparelho iluminador ou destruirá sua fiação.

. Chove na Cabeceira quando os adeptos aos jogos de azar precisam ganhar e jogam para ganhar, uns vão para o Uruguai, outros mais abastados vão para Las Vegas nos cassinos milionários e, os menos afortunados, jogadores de bingos, cometem  contraversão, no caso do Brasil, e jogam em lugares secretos. Tanto os que jogam em Vegas ou em Punta del Este, como os clandestinos “bingueiros” quando precisam não ganham; se estão no vermelho, aumentarão o seu déficit. Quanto mais insistirem mais azar terão.

. O exemplo mais clássico é aquele das filas nos caixas dos supermercados ou dos bancos, enfim, qualquer fila. Tem dia que só porque você é um contemplado participante da fila, a caixa registradora quebra, ou o papel se enrosca, quando não há um entrevero de algum colega na dianteira da fila questionar o preço e aí para tudo, ascende-se a luz vermelha para chamar o supervisor que sempre está muito ocupado e que demora uma eternidade e, haja pernas para aguentar a espera da solução do impasse.

. O maior exemplo de que Choveu na Cabeceira que ouvi há poucos dias foi o ocorrido com uma senhora que andava tranquilamente pela calçada, num bairro de São Paulo quando ao passar sob uma árvore caiu um ouriço na sua cabeça, o que requereu sua internação para extração de uma centena de espinhos de sua cabeça.

Como dizia meu pai se Choveu na Cabeceira, larga, larga, larga e se recolha ao seu canto e de preferência não fale nada e não toque em nada. E outra máxima que dizia era “jamais olhe nos olhos de alguém com alto teor etílico no sangue” – experimente para ver.... É pior que aquele que explica aos mínimos detalhes como tem passado, quando alguém, por força do costume, pergunta “como vai? ”


 Uma crônica de

Gilson Marcio Machado

domingo, 1 de novembro de 2015

A DECADÊNCIA DO PT NO PODER

                                      A DECADÊNCIA DO PT NO PODER

A decadência petista continua numa espiral que supera qualquer outra na história da República Federativa do Brasil. Não se trata de uma afirmação de alguém que é anti-petista, mas sim de quem observa e analisa os acontecimentos que tem ocorrido com o governo da situação, igual a milhões de cidadãos. Vejamos os principais sinais de que o governo petista já recebeu a “extrema unção”:

. Os índices de rejeição dos brasileiros ao governo Dilma. Na última pesquisa do Datafolha de agosto passado, o índice de rejeição chegou a 71% dos brasileiros e com um índice de aprovação de apenas 8 %.

. O aumento do desemprego devido ao sucateamento de empresas, em decorrência da situação econômica do país que se encontra em recessão. O PIB – Produto Interno Bruto fechou em 2014 com 0,1% e com previsões de fechar com um crescimento negativo em 2015 de -3.0% e -1,0% em 2016.
 
. Aumento da inflação, o que tem provocado a volta das famosas maquininhas de precificação, com uma incidência que chega a provocar descontrole nos preços expostos nas gôndolas dos supermercados e os do sistema que imprime sua nota de compra no caixa. Os preços dos produtos básicos que consumimos habitualmente em sua maioria subiram ao mínimo em 50%, em curto período de tempo

. O rebaixamento da nota do país nos órgãos de crédito internacionais. Como exemplo a agência de classificação de riscos Standard & Poor’s reduziu a nota de crédito do Brasil de BBB- para BB+, com perspectiva negativa, o que significa que há chance de nova revisão para baixo. Com essa classificação o país perde o grau de investimento, conferido aos países no rol de bons pagadores e seguros para investir. Essa revisão tem a ver com a proposta orçamentária do país para o ano de 2016 que prevê um déficit primário de R$30,5 bilhões ao invés de um superávit estimado anteriormente de 0,7%.

. O TCU – Tribunal de Contas da União reprovou as contas de 2014 do governo federal, fato que ocorre a primeira vez com a República. Caberá o julgamento final, conforme a lei, ao Congresso Nacional.

. O TSE – Tribunal Superior Eleitoral, investiga a campanha que elegeu Dilma e seu Vice em 2014, o que poderá acabar em anulação dos resultados eleitorais, o que exigiria novas eleições num período de 90 dias, nesse interim assumiria o Presidente da Câmara dos Deputados.

. Vários pedidos pró-impeachment estão na gaveta do Presidente da Câmara, afora aqueles que já foram descartados, estando pendentes de acatamento ou não, inclusive, o do jurista Miguel Reale Jr e Hélio Bicudo, um dos criadores do partido PT.
O governo federal na pessoa da Presidenta Dilma, já tentou várias alternativas de coordenação política e, quanto mais tenta, mais embola o “meio de campo”. Já deixou nas mãos de seu Vice, Michel Temer, que se abdicou da função, e terminando a deixar com o seu antecessor Lula, essa função que na prática é inerente ao cargo da Presidência da República.

Um último suspiro fora dado com a reforma ministerial, incluindo a redução de 39 para 31 ministérios, numa tentativa de conseguir apoio no legislativo para votar, no momento, os vetos presidenciais, que segundo a visão do governo precisam ser mantidos e, para isto se é necessário um quórum mínimo de presença, o que não se conseguiu até então.

Tudo está contra a maré nessa que deverá ser a última empreitada do PT – Os próprios aliados tentam usar e abusar do governo por esse estar à minguá por apoio; o povo já foi às ruas várias vezes pedindo o impeachment de Dilma.

O Ministro da Fazenda de Dilma, Joaquim Levy, está com uma missão impossível nas mãos, pois o problema básico, antes do econômico, é o de credibilidade política que o PT- Partido dos Trabalhadores perdeu, devido aos sucessivos escândalos de envolvimento em corrupção que vieram à tona com o Mensalão e mais recentemente o Petrolão com a Operação Lava Jato que desbaratou o maior escândalo de corrupção que o mundo contemporâneo sofreu , adicionando-se ao fato do PT ter feito promessas de campanha que não foram cumpridas, e que afetam diretamente os bolsos dos trabalhadores e também do mundo empresarial da nação.
Chegou a hora de bater em retirada, não há remédio para o mal produzido ao país, a não ser aquele de banir do poder os que traíram a confiança de 54,5 milhões de eleitores.

Crônica de

Gilson Marcio Machado

TUDO NO DEVIDO TEMPO

                                       TUDO NO DEVIDO TEMPO

Nesse mundo que os cristãos dizem ser obra de Deus, os muçulmanos de Alá, os cientistas do Big Ben e, o Papa diz que este também é obra de Deus e, várias outras filosofias; tudo tem seu devido tempo:

. Como ainda fetos nos úteros de nossas mães temos que esperar o nono mês para nascer e deixarmos aquele mundo molhado por onde habitamos por ¾ de ano ligados a um cordão umbilical que nos alimentávamos.

. Quando criança ficamos ávidos para que a juventude chegue logo para podermos namorar, beijar e podermos ter nossa primeira experiência sexual – como será e com quem? Certamente a maioria já tem alguma garota em mente, só o pai dela não pode sabê-lo.

. Quando adolescentes cansamo-nos facilmente de sermos chamados de meninos e, queremos logo sermos tratados como adultos e, sempre temos um exemplo a seguir: ser um adulto como é o seu pai, ou padrinho, ou aquele tio que você admira.

. Quando adultos recém saídos da juventude, somos considerados muito jovens para determinadas tarefas, o que nenhum de nós, na oportunidade, concordávamos.  Mas os tempos agora são outros, nessa fase são agora os da geração Y – bem cotados e por vezes chefes dos chamados maduros.

. Quando maduros começa uma preocupação interminável até o último dia de nossas vidas, ou seja, o envelhecimento, coisa que ninguém quer para si, que o seja para os outros. É tão latente essa psicose do envelhecimento, que todos fazemos dela chacotas como uma forma de relaxar a preocupação e a realidade das rugas nos rostos, nas mãos, do botox aplicado nos lábios e nas maçãs da face, nas plásticas feitas e uma infinidade de outras coisas milagrosas que alguns fazem, como dietas, ginasticas, ioga ...
. Quando efetivamente envelhecemos começamos a ocultar nossas idades e quando questionados fazemos as famosas chacotas e mentimos ou desconversamos e, as mulheres invariavelmente mentem suas idades e, claro que para menos. Sentimos, nessa fase, uma sensação de perda – do tempo que passou e não volta mais. Uns até conseguem sobreviverem bem nessa situação e outros não, talvez a maioria. Alguns querem provar a si mesmos e também aos outros, de que estão tão bem quanto aos jovens e, começam a fazerem atividades, então fadadas aos jovens, que as levam a exaustão e correm até o risco de sofrerem um enfarte ou uma queda fatal, como por exemplo ir a um baile e dançar a noite toda, ou saltar de paraquedas, ou atravessar um rio à nado, ou surfar e outras travessuras mais.

. Quando velhos esperamos por algo que nunca iremos conseguir, pelo menos nessa encarnação, que seria termos o nosso próprio cantinho, uma casa ou apartamento que por pequeninos que sejam, mas somente nosso, como no passado todos tivemos.
. Quanto mais velhos formos ficando mais desejos vão aguçando nossos poucos e lúcidos raciocínios – são coisas que antes nos eram simples e não tínhamos a menor percepção de quão valiosas são, como ter com quem conversar e que te ouçam...usarmos cuecas e calcinhas como sempre as usamos e não esses fraldões vergonhosos que somos forçados a usarmos por incontinências.

. Quando as doenças chegam, e invariavelmente chegam, com o passar dos anos, se não morrermos antes, levarão-nos para as camas. Ai sim sentiremos vontade de voltarmos ao passado e não mais de pularmos no tempo para o futuro.
. Tudo tem seu devido tempo, até a hora para morrermos com dignidade. Esse certamente será o nosso último desejo e o derradeiro tempo.


Crônica de

Gilson Marcio Machado