Os amores dessa vida
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ertamente o título chamou sua atenção, pois é um tema por
demais implícito e explícito, rotineiro e rarefeito, eloquente e demente,
sensual e assexual, pra falar a verdade
deveriam ser a essência da vida – os amores dessa vida.
Quem não teve um grande amor em sua vida – nossos avós, certamente,
tiveram a eles mesmos... porém, nos dias atuais, não dá pra falar de um grande
amor, e sim dos grandes amores. Você acha imoral falar sobre isso? Caro amigo,
sinto te contrariar, mas no mundo de hoje não tem como se ater a um grande,
uno, majestoso, insubstituível, e outras palavras elocubratórias sobre o tema –
não existe mais aquele grande amor contado por William Shakespeare, como em sua obra Romeu e Julieta.
Afinal é um drama fictício...
As Julietas estão mais para ceifar a vida dos seus “amores”
que suas próprias vidas, plagiando perfeitamente certos marsupiais. Haja cicuta para tantos - Os Romeus,
por sua vez, estão mais para ermitões dos espigões de concreto, desde que os
finais de semana tenham uma área para o freezer e a churrasqueira. A bola de
couro costurada, a oficial, entra em cena após a soneca pós-caipirinhas,
cervejas e muita picanha e linguiça. Por falar em linguiça, estão muito em uso
novamente, mas só aquela assada, em detrimento às quentes e rígidas
naturalmente pelos ímpetos da carne e sangue humano, as mulheres que o digam -
pensando melhor, algumas mulheres...
Na verdade não temos mais nosso grande amor de nossas vidas
e, sim grandes amores. Mas o que vem a ser esses grandes amores? Duvido que alguém credenciável possa dizê-lo;
até mesmo os mestres na matéria, como Antônio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes,
e os Fábios Juniores “da vida”. Pois vejamos esses exemplos de homens que a
tudo amavam e amam, incluindo suas mulheres:
- Jobim, li certa feita, que foi visto sentado à sarjeta a
fumar um charuto escondido
da mulher. Qual mal seria o pior, o fumo nos pulmões, alvéolos, bexiga... Ou a
abstinência a esse grande prazer que Tom tinha? Afinal um mestre em poesia,
música, piano, e artes afins não poder sentir o prazer de fumar um maldito charuto, que nem
precisaria ser cubano.
Vinicius de Moraes, dramaturgo, poeta, músico, compositor,
arranjador e diplomata, não conseguiu se realizar com oito casamentos, pois o
fez nove vezes – mas realmente se casou nove frustradas vezes (se não o seriam nesse número). Um homem sensível, amável na
conversa e sentimentos, poeta de finíssima textura, ter que casar tantas vezes
– imagine a confusão mental de um homem desses ao acordar durante a noite e ter
que se certificar de onde está e com quem está? Ele disse em versos: “o amor é
eterno enquanto dure”.
Quanto aos Fábios, vou dispensar os comentários, pois os seus
amores ainda não fazem parte da história – estão ainda acontecendo e certamente
irá parar no livro Guinnes.
Afinal, como dizia a personagem “Sinhozinho Malta” , o Lima
da época do Roque Santeiro: “chega de tre-le-le” e “tô certo ou tô errado?”
afinal que estória é essa dos amores dessa vida ? Depende do ponto de vista dos
homens e das mulheres – comecemos por elas, afinal o homem, pelo menos os de
outrora, priorizavam as damas.
Um dos maiores amores que uma mulher moderna possa ter é um
bom limite em um cartão de crédito, e que seja agregado ao do seu amor, e não o
seja por sua conta. Ter uma infinidade de sapatos, que são tantos a ponto de
muitos nem sequer serão calçados uma única vez. No meu tempo de adolescente era
hábito brincarmos em dizer que deveríamos ter pelo menos um isqueiro, de
preferência de marca Zippo, cheirando à gasolina (o fluido que se usava também era
derivado do petróleo),
isso para se fazer notar entre as mulheres, já que carro não podíamos ter –
hoje as mulheres não querem que você , homem, cheire à gasolina de seus carros,
elas querem outro grande amor que é um desejo de consumo universal: um carro
novinho em folha. Se você homem, quiser realmente saber quais são os amores da
vida das mulheres de hoje, se camufle de cadeira de salão de beleza, dê uma de
Paulo Silvino, e ouça suas conversas grupais nesses locais que é só delas.
Posso assegurar que você ficará vermelho de vergonha, por tamanhos impudores –
são simplesmente inacreditáveis a nós homens, que somos taxados de porcos
chovinistas, machistas, rudes e mais uma infinidade de predicados.
Tenho pena dos homens que tentam entender as mulheres, pois
vai chegar ao Alzheimer e não conseguirá entendê-las. Ouso dizer que nem elas
saberiam exatamente o que querem se tivessem a oportunidade de um “reality
show” lhe proporcionar um atendimento de desejo.
Falando ainda do sexo forte, a mulher, uma prova cabal de que
são outros tempos podemos citar como exemplo suas paixões (amor novo, deslumbrante e
transitório) : É
preferência internacional os homens desprovidos de boas intenções e educação, e
que não sejam cavalheiros e que querem só ficarem e nem pensam em namoro sério.
Quanto mais sofrimento puderem proporcionar, mais elas os amam, se apaixonam e
até se desesperam. Aqueles homens em extinção que são educados e cheios de boas
intenções estão em baixa, caíram nos pregões da vida, pois são abomináveis às
mulheres, para desespero dos pais ou avós ainda vivos.
Pois bem, foi aqui falado até então das mulheres e muito
pouco dos homens. Olhem, querem saber? Já basta ter falado das damas e deixe
pra lá os cavalheiros, pois não consigo entender nem a mim, quanto mais a
outrem. Aliás, alguém pode me explicar o
que estou ora fazendo, madrugada afora, a escrever sobre algo absolutamente
incompreensível e personalíssimo, como é o amor?
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