Madrugada de Verão
Que calor escaldante tem feito estes dias ! E, o verão mal
começou pois estamos em fins de janeiro. Aqui na parte de baixo de meu sobrado,
nesta madrugada, até que está menos sufocante que sua parte superior, nos
quartos, creio que seja por estar mais distante do telhado que recebe
diretamente os raios solares durante o dia.
Este corpo molhado
que adere às cadeiras suas costas nuas, para uma mera sensação de conforto,
ilusória acho, que no final das contas você fica até mais desprotegido sem sua
camisa; é só lembrar dos beduínos que no deserto nos lombos de camelos usam
casacos pesados e escuros feitos de lã de ovelhas para se protegerem do sol,
que lhes garantem uma temperatura de até menos 8º que a exterior, se considerar a sensação térmica o conforto é
maior ainda, se assim pudéssemos definir.
Agora que mais
precisamos d’água para nos banharmos pelo menos umas três vezes ao dia,
conforme costume em várias regiões brasileiras, um pela manhã, um no decorrer
da tarde por vezes no próprio escritório,
inclusive, com a troca de roupas íntimas e de camisa e o último à noite
; porém, estamos impossibilitados de desfrutar desse conforto e ato higiênico,
pois faltam água em nossas caixas d’água, pois a pouca que ainda a temos está
racionada como se estivéssemos num deserto e com nossas cotas d’água guardadas
a sete chaves.
Estamos nos
retrocedendo em nossos hábitos animalescos, vimo-nos cheirando a nós mesmos e com receio de que
sintam nossos odores, à moda animal que gostam de cheirar seus semelhantes, até
em partes intimas. O pior de tudo é que
esse odor não o é imaginário pois o é real aos nossos olfatos, é uma mistura de
suor que extrapolamos pelos poros juntamente com a água vem outros elementos
como os odores dos temperos de nossas refeições e suas gorduras , das bebidas
alcoólicas ingeridas e em alguns misturados nessa química desodorantes com
essências que caem bem a alguns e a outros não. Enfim, é uma meleca só,
gordurosa e colante aos encostos de cadeiras, poltronas e até nos nossos
lençóis, o que é um sacrilégio pois esses folham nossos ninhos de amor.
O pior que essa
reação da mãe-natureza, falando dos distúrbios climáticos, vai continuar e cada
vez mais acentuada. Um calor sufocante, falta d’água cada vez mais preocupante,
pois chove intensamente a ponto de provocar alagamentos, quedas de árvores, de
postes de transmissão de energia, raios assassinos e os reservatórios não
reagem, são como uma esponja que você
pinga algumas gotículas d’água sem nada adiantar, tamanha a secura dos nossos
reservatórios.
Esses nossos
corpos ensebados, roupas reusadas e suadas, carros, calçadas , quintais e até
nossos talheres empilhados nas pias de nossas cozinhas sujos , vão continuar e
as perspectivas são para piorar. Que São Pedro nos ajude...
Mas ainda bem
que temos nossos ventiladores, aparelhos de ar-condicionado, que nos ajudam
nesse calor nosso de cada dia. Epa ! Black out dia 19 de janeiro . O governo
corre para descobrir o que houve e como sempre mente, diz que foi uma falha
numa rede de transmissão, ora diz que pode ter sido falha humana, mas a verdade
é que a ONS-Operador Nacional do Sistema Elétrico determinou uma redução na
transmissão de energia em Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste às
distribuidoras de 10% em seus consumos, naquele momento, para evitar um apagão
geral com consequências mais graves.
Agora além da
falta d’água nos reservatórios das cidades , está faltando também nas represas
das hidrelétricas. O governo diz que não haverá problemas pois as
termoelétricas compensarão a falta das hidroelétricas, porém especialistas do
setor afirmam que essas também já estão em seu limite. Ainda bem que estamos
com a economia em baixa, pois se não estivesse o setor enérgico estaria um
verdadeiro caos.
A população ativa
ao sair de casa pela manhã fica imaginando o que a espera no dia que começa;
haverá tempestade em que local, cairão mais árvores, ficaremos sem energia,
faltará água quando voltar para casa ? E, os congestionamentos ?
Dias atrás em
minha região onde moro em São Paulo, ficamos por 26 horas sem água, luz,
telefone, internet – ficamos naquele calor sufocante à luz de velas. Como pode
ocorrer isso na maior e mais rica metrópole brasileira, a qualquer chuva de
verão a energia falta e fica por horas , noites ou dias sua falta, o que
provoca deterioração de alimentos em nossas geladeiras, além dos desconfortos
mencionados. A rede de transmissão elétrica na cidade de tal porte e
importância econômica deveria ser subterrânea e não essa aérea já superada.
A coisa está tão
complicada que estou inventando compromissos somente para sair de casa e
desfrutar do ar condicionado do carro, e, ir a locais como os Shoppings onde
sabemos que tem ar condicionado. Tem gente frequentando clubes, não para
exercitar, mas sim para se banhar nos chuveiros do clube...
O que é mais
preocupante é que alguns especialistas dizem que o nível das represas tanto de
fornecimento de água à população, quanto às hidrelétricas levarão de 4 a 5 anos
para voltarem ao normal , e se acontecer !
O mais alarmante é
que este ano será mais caótico do que o anterior ; e, o ano mal começou e já
nos sentimos em calamidade pública.
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