segunda-feira, 6 de julho de 2015

PREFÁCIO DO LIVRO : OS PAIS DA GERAÇÃO Y por Moacir Assunção

*Moacir Assunção

Aprendamos com os mestres, o mundo será melhor

Gílson Marcio Machado, escritor e parkinsoniano de 67 anos, e Norberto Chadad, CEO da Thomas Case & Associados, são mestres em suas respectivas áreas e, portanto, têm muito a ensinar. E todos nós, seus leitores, muito a aprender. Exemplo disso é o livro Os filhos da Geração Y, escrito por Gilson, e que conta com uma participação fundamental de Norberto. O primeiro, autor de outras três obras, sofre do temido Mal de Parkinson e, ainda assim mantém viva a sua verve literária, em textos curtos, no formato de crônicas, nos quais traz informações de grande importância aos idosos que, segundo as estatísticas mais recentes, representarão nada menos que 26,7% da população brasileira em 2060 – ante apenas 7,4% neste ano de 2015. Confirmado isso, será um salto extraordinário para um País que sempre jactou-se, desde os anos 1970, de ser uma nação de jovens. Seria como se jovens não envelhecessem.

Norberto, por sua vez, que ocupa os últimos capítulos da obra, vinda a lume em um momento difícil para o País em termos econômicos e sociais, quando enfrentamos o risco concreto de uma recessão, mas também rico em desafios. É nestes momentos, no entanto, que as mentes brilhantes trabalham febrilmente para encontrar saídas para a crise o que, em outros momentos, talvez não fosse necessário e não precisássemos dar tratos à bola para pesquisar e mudar caminhos já traçados de
antemão. Em seu espaço, ele, que é o principal executivo da prestigiada consultoria Thomas Case & Associados, oferece conselhos preciosos para quem pretende ingressar ou se manter no mercado de trabalho, que poderiam, talvez, ser sintetizados em uma frase: “ame tudo o que faz. Todas suas atitudes são um ganho na fortuna cambiante do tempo”, tal como descrito no famoso texto Desiderata, de autoria do poeta e filósofo americano Max Ehrmann.

A exemplo das velhas nações europeias, o Brasil entrou, nas últimas décadas, em um ciclo constante de envelhecimento de sua população. A cada dia que passa, temos a oportunidade de observar – até maravilhados- idosos que antes se limitavam a ficar em casa assistindo TV e reclamando da vida praticando algo bem diferente. Hoje, eles saem para dançar, se encontram, namoram, viajam, trocam experiências e estudam. Vivem com intensidade, enfim. E muitos são ainda cidadãos produtivos nas empresas. Pessoalmente, tenho a experiência de dar aulas na Universidade da Terceira Idade, da Universidade São Judas Tadeu, onde trabalho, e percebo, nesta função, a satisfação de pessoas de 60, 70 anos ao sentirem que ainda podem aprender, descobrir coisas novas, o que é, realmente, a essência de uma vida plena. Somos eternos aprendizes, de fato.

Isso representa uma enorme mudança desde os anos 1970, quando cantávamos, junto com a seleção “Setenta milhões em ação”. Hoje, somos pouco mais de 200 milhões. Esta transformação no perfil populacional é algo bem-vindo porque demonstra que mudou, para melhor, o conceito de velhice no Brasil. No entanto, traz um problema: temos, cada vez mais, uma população menor trabalhando para permitir que outros se aposentem. Essa situação, naturalmente, traz um desequilíbrio ao balanço de pagamentos da Previdência, com menos gente contribuindo por aposentado, de forma que o resultado sempre será o déficit nas contas do governo.

Os povos europeus, com uma história muito mais antiga que a nossa, que integramos o Novo Continente, sofreu e tem sofrido com este problema que se avizinha no Brasil, conforme demonstra Gilson: o crescimento de uma população idosa, combinado com baixas taxas de natalidade, o que produz a equação perversa relatada linhas acima. O que fazer para enfrentar esse grande problema? Não será fácil, mas encontraremos uma saída. Karl Marx, o grande filósofo e economista alemão, disse, certa vez, que o homem jamais se colocou um problema que não conseguisse resolver. E é o que faremos, certamente. Ter consciência dessa dificuldade, como Gilson demonstra em seu livro, já é o primeiro passo nesse sentido.

Na obra, o autor, ao mesmo tempo, em que faz um interessante roteiro sobre os anos 1950, 1960 e 1970, ligando-o com dados históricos do período, também nos oferece dados sobre o Estatuto do Idoso, formas de obter auxílio governamental para idosos, e de calcular o fator previdenciário, entre outras informações úteis para quem vê a passagem do tempo. E sabe que não terá o que fazer para evitar isso. Como diria o mestre escritor e jornalista Fernando Jorge, “a vida é uma permanente conta de subtração”. A frase demonstra, de maneira magistral, a forma curiosa como perdemos, com a passagem do tempo, pessoas que estão ao nosso lado, simbolizado, na mitologia grega, pelo Deus Cronos ( o tempo), que engole a todos, indistintamente do seu poder. Até mesmo Zeus, deus máximo do panteão dos deuses e semideuses gregos, passa pela experiência de ser deglutido por Cronos, embora consiga, depois, reverter o processo.

Assim é que, depois de ler Os filhos da Geração Y, estaremos mais capacitados, primeiro, para enfrentar o dilema da velhice da qual só escaparemos em uma hipótese: se morrermos jovens, o que ninguém quer, salvo os suicidas. Também poderemos conhecer uma doença insidiosa e terrível, o Mal de Parkinson, graças às lições do autor. De outro, poderemos, graças às preciosas dicas de Norberto, construir uma carreira sólida e respeitada em qualquer área da febril atividade humana. O livro de Gilson, então, com participação de Norberto, terá o condão de agradar a jovens e idosos. Os dois lados da balança da vida estarão equilibrados, de forma que prevejo um presente e um futuro glorioso para Os filhos da Geração Y. Como diria um ícone dos anos 1970, quando vivi a minha juventude, Dr Spock, de Jornada nas Estrelas, “vida longa e próspera” para a obra e seus autores.


*Moacir Assunção é jornalista, historiador e professor universitário. Autor do livro recém-lançado São Paulo deve ser destruída – a história do bombardeio à capital na Revolta de 1924 (Record), e de outras nove obras, entre as quais Os homens que mataram o facínora – a história dos grandes inimigos de Lampião, finalista do Prêmio Jabuti 2008, concorrendo com a obra 1808, de Laurentino Gomes. Mestre em História Social pela PUC-SP, é ex-repórter de Política do jornal O Estado de S.Paulo, escreve para várias publicações, como Veja São Paulo, Superinteressante e Aventuras na História (Abril) é jornalista freelancer, consultor em Comunicação Social e professor da Universidade São Judas Tadeu nos cursos de Jornalismo e Gestão de Recursos Humanos.


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