CHOVEU NA CABECEIRA
Sempre mencionamos a lei de Murphy quando alguma coisa e,
normalmente seguida por outras não vão bem; porém, há dias ou situações que
invocar a lei desse engenheiro americano não é justo, pois ele somente previu que quando alguém vai fazer alguma coisa e
que existe uma única chance de não dar certo, o indivíduo irá fazer exatamente
essa.
Vamos aqui dar a alcunha à uma nova lei, essa sim é para não
deixar dúvidas a nem aos adeptos de São Tomé, pois é uma lei escancarada e
provocaria inveja ao próprio Murphy. Ela se apresenta naqueles dias que você
não deveria ter saído de seus aposentos noturnos, ou o popular quarto de
dormir. Não precisaria ficar na cama, pois ninguém aguentaria ficar “jiboiando”
noite e dia diretos, mas bem que poderia ligar sua TV do dormitório e ver
aqueles programas matinais que nossas mulheres veem normalmente quando dos seus
afazeres triviais e, no decorrer da tarde, após sua sesta ao estilo nortista do
país, assista a um bom filme – à tardinha já emende lendo um daqueles livros
que comprou e outros que ganhou e nunca os leu. A sim, a alcunha: vamos dar o
nome a “ Choveu na Cabeceira”, o que
sem falsa modéstia é uma expressão eternizada por meu pai na sua cidade natal,
que também é a minha querida Guará, a Terra do Sol e do lobo símbolo, pelo
menos atualmente, pois houve época em que esse símbolo era uma espécie de
garça, que vivia em lagoas nos tempos idos, que chegou a influenciar antigo
designativo de Lagoa das Éguas dessa cidade incrustada na Califórnia Brasileira, por sua riqueza de seu solo, terra roxa de maiores valores por
alqueires do país. Cidade próspera graças às tradicionais administrações
alternadas dos grupos políticos Pés Rachados e os Macaúbas, com predominância
dos clãs Migliori e Furtado.
Originalmente “Choveu na Cabeceira” era uma expressão usada
por pescadores amadores e de água doce. Quando chove na cabeceira do rio, a
água fica lamacenta e fica inviável à pescaria, pois os peixes não enxergam
nada e preferem ficarem entocados. Portanto, vamos doravante usar no sentido
figurado essa expressão, apesar de faltar a autenticidade de seu autor, pois já
se encontra em outro plano desde o ano de 1991 num dia 05 de novembro.
Choveu na Cabeceira quando:
. Todos semáforos (em algumas regiões são faróis ou sinaleiras) por onde passa no seu trajeto, fecham
quando você se aproxima. Só para variar você acelera um pouco mais para
alcançar o próximo aberto e é premiado com uma multa de velocidade pelo radar
e, ainda leva uma multa do guarda de trânsito que viu você avançar um
“tiquinho” no vermelho. Tenho um irmão que conseguiu três multas numa única
conversão que fez na Av. Sena Madureira com Av. Domingos de Moraes em São
Paulo.
. O mesmo ocorre quando em sua casa ou seu escritório os
aparelhos começam a dar defeitos – ora a TV que quebra, o PC que apaga e não dá
sinal de vida, você por descuido deixa cair aquele copo ou taça de cristal que
faz parte de um jogo valioso, nem tanto, como dizem os economistas, pelo valor
real e mais pelo emotivo. O interessante é que quando começa a incidir não
para, começam a acontecer como se um urubu tivesse sobrevoado sua seara e de quebra
um gato preto tenha passado sob uma escada. Nessas ocasiões melhor mesmo é
evitar até de se trocar uma lâmpada de um abajur pois certamente você quebrará
o aparelho iluminador ou destruirá sua fiação.
. Chove na Cabeceira
quando os adeptos aos jogos de azar precisam ganhar e jogam para ganhar, uns
vão para o Uruguai, outros mais abastados vão para Las Vegas nos cassinos
milionários e, os menos afortunados, jogadores de bingos, cometem contraversão, no caso do Brasil, e jogam em lugares secretos. Tanto os que
jogam em Vegas ou em Punta del Este, como os clandestinos “bingueiros” quando
precisam não ganham; se estão no vermelho, aumentarão o seu déficit. Quanto
mais insistirem mais azar terão.
. O exemplo mais clássico é aquele das filas nos caixas dos
supermercados ou dos bancos, enfim, qualquer fila. Tem dia que só porque você é
um contemplado participante da fila, a caixa registradora quebra, ou o papel se
enrosca, quando não há um entrevero de algum colega na dianteira da fila
questionar o preço e aí para tudo, ascende-se a luz vermelha para chamar o
supervisor que sempre está muito ocupado e que demora uma eternidade e, haja
pernas para aguentar a espera da solução do impasse.
. O maior exemplo de que Choveu
na Cabeceira que ouvi há poucos dias foi o ocorrido com uma senhora que
andava tranquilamente pela calçada, num bairro de São Paulo quando ao passar sob
uma árvore caiu um ouriço na sua cabeça, o que requereu sua internação para
extração de uma centena de espinhos de sua cabeça.
Como dizia meu pai se Choveu
na Cabeceira, larga, larga, larga e se recolha ao seu canto e de
preferência não fale nada e não toque em nada. E outra máxima que dizia era “jamais
olhe nos olhos de alguém com alto teor etílico no sangue” – experimente para ver....
É pior que aquele que explica aos mínimos detalhes como tem passado, quando
alguém, por força do costume, pergunta “como vai? ”
Uma crônica de
Gilson Marcio Machado
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