segunda-feira, 31 de outubro de 2016

CIGARRAS DA MADRUGADA


Cigarras daS madrugadaS

23/10/2016
Crônica de Gilson Marcio Machado
                                   

                                    CIGARRAS DAS MADRUGADAS

Acordei-me novamente, já é a terceira vez nessa madrugada de primavera e, ainda não passa das 02h30min - achei por bem levantar-me de vez e dedilhar alguns pensamentos, afinal há dias não escrevo, exceção àquela crônica sobre minhas expectativas quanto a cirurgia que deverei fazer nos próximos dias – mas esse é outro assunto, não daqueles que queira tocá-los agora ...

Adoro escrever de madrugada, certa feita já comentei sobre isso, foi no livro de ficção O Pio da Coruja. Todo escritor gosta de escrever na madrugada, pois é um dos momentos em que você está receptivo às emoções que a vida pode proporcionar-lhe; em alguns seus pensamentos divagam pelos enigmáticos chiados de cigarras que nossos ouvidos captam no silêncio inocente das noites, que ao certo são imaginários, devendo ser algo patológico, mas assim as parecem: cigarras cantantes e saltitantes, numa orquestra que rompe o silêncio das escuridões de noites sem luar, que até agradariam aos vampiros e lobisomens dos folclores dos homens!

“Assoviar e chupar cana” ou “caminhar e chupar sorvete” não são tarefas que todos possam realizá-las com facilidade. Escrever e conversar são as mesmas coisas, portanto, como requer concentração, inspiração, elucubrações e outras emoções mais, melhor escrever quando só e no silêncio, mesmo com os chiados de cigarras.


Minhas melhores ideias que se tornaram literatices ocorreram nas madrugadas. Abro o aplicativo Word do Office Windows, olho sua tela branca no monitor do meu PC e faço uma viagem aos meus instintos e deixo os dedos acompanhar meu cérebro e começo a formular o texto, logo tornando-o numa construção literária e aí é só divagar na ideia e deixar sua mente aberta aos seus sentimentos; não diferente ao compositor que se senta ao piano e começa a dedilhar novas combinações de notas criando novas composições. Alguns preferem escrever com uma música relaxante num fone de ouvido, que embriaga o cérebro do escrevente misturando os chiados de cigarras, com o fundo da música zen e, melhor ainda se tiver o som de água corrente, o que aguça ainda mais sua criatividade. É um momento uno, embriagante e mágico: a madrugada, o silêncio, as pautas musicais, o pensamento flutuando nesse espaço, como se toda a nossa vida assim o fosse, não verdade o é, nós é que a complicamos e poluímos por demais os meios ambientes quando se faz dias, nas suas manhãs, tardes e noites – resta-nos as madrugadas, dessas não abrimos mãos.

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